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28.6.09

Chegar

«Nós estamos aqui para fugir,
nós estamos aqui para chegar de vez.»
Vasco Gato (num túnel de Belém, Lisboa)

1.6.09

Só, a Vida.

Ó
o tempo suave...
o som da palavra doce...
a vida da gente gentil.
Ó
a Vida.

31.5.09

Ouvir o Coração

Nesta vida raras foram as conversas que se deram sem erro, falta. Muitas foram as que em silêncio poderiam ter sido perfeitas: se não nos tivessem (des)habituado (ai de nós, tão desabitados) a ignorar o silêncio - a Vida.

27.5.09

Não ser

«Ser haste, seiva, ramaria inquieta,
Erguer ao sol o coração dos mortos
Na urna de oiro duma flor aberta!...»
Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)

26.5.09

Até ao Fim

«A vida inteira dentro de mim.»
Vergílio Ferreira, Até ao Fim (última frase do livro)

13.5.09

O Mistério Maior? Não haver Mistério.

«O maior segredo é não haver mistério algum.»
Renato Russo

«E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.»
Alberto Caeiro

O Grito (do) Criador

«As criaturas da esperança recebem a palavra do apóstolo, a palavra nova, que é o seu próprio silêncio feito voz. Ouvindo-a, alegram-se, como num súbito ambiente luminoso. Ávidas de arder, incendeiam-se de alegria. Elas e o apóstolo encontraram-se no mesmo caminho do Futuro. Algumas, tentam deter-lhes a marcha, ou ficam, nas margens, paradas ou hesitantes. Mas quem as deterá no seu ímpeto? Quem deterá a fome, a sede...?
Paulo não transmitia às almas a sua doença, porque elas já sofriam, como ele; mas sofriam sem remédio. Escravas, ignoravam a liberdade; criminosas, ignoravam o perdão; mortais, ignoravam a imortalidade. E eis que aparece um criminoso, que viu o perdão em Jesus Cristo; um escravo, que viu a liberdade em Jesus Cristo; um mortal, que viu a imortalidade em Jesus Cristo. É S. Paulo.
Todos queremos emendar a nossa vida; mais: emendar a Vida. A que aspira o criminoso? A ser inocente. E quem sofre? A gozar. E quem morre? A ressuscitar. Será possível? A razão diz que não. Mas Paulo diz que sim, gritando. Este sim é ele mesmo, volatilizado num grito, que abala e renova todas as coisas. Podemos duvidar duma palavra, dum grito ninguém duvida; vem de mais fundo que a palavra e sobe mais alto do que ela. O verbo do apóstolo tem a intensidade dos gritos. É o verbo divino da loucura, que todo o acto criador é de loucura, desde o Genesis. Ofende a ordem estabelecida, a harmonia consagrada, os ditâmes da razão humana. A atitude divina é anti-racional [supra].
Paulo afirma de tal modo a sua ideia religiosa, que lhe dá perfeita realidade. É um condensador de nubelosas, um acendedor de estrelas. Para ele, evocar é materializar. Evoca Jesus e converte-o num ser presente. A dor pertence ao corpo, embora seja a alma a padecê-la. A dor é deste mundo; e o seu poder plástico infinito concebe anjos e deuses, que penetram nos domínios da existência.
Paulo afirma Jesus e todos o acreditam, porque o vêem, na sua afirmação, como ele o vê. Paulo viu Jesus e ouviu-o! Como descrer ou duvidar? A descrença é cegueira e a dúvida é falta de vista. Duvidar é pensar em linha quebrada; mas crer é pensar em linha recta. A crença é a mais curta distância entre a Verdade e o nosso pensamento, ou é, talvez, a ausência de distância entre a Verdade e o Pensamento.
Nem os seus olhos nem os seus ouvidos se enganaram. Não é Paulo o espírito da luz e o do som, o instinto fatal que não se ilude? Esse instinto de anjo ou bruto, que divinizou a ibis e o touro negro, no Egipto, e outros bichos ainda, que nos bichos, e até nas árvores, há um valor secreto e mitológico. Moisés e Alexandre usaram chifres, na cabeça. Tocaram-se de mistério e divindade, como Virgílio, cingindo a coroa de louros, e os padres celtas envolvendo-se na sombra litúrgica dos bosques.»
Teixeira de Pascoaes, São Paulo

«Já viram Deus as minhas sensações...»
Fernando Pessoa, Passos da Cruz

12.5.09

Os amantes

René Magritte, 1928

Ser apenas o que vê, não ser quem vê.
Mas para não ser quem vê... não se vê...

ficando o ouvir,
o invisível amor em estado puro - Original.

«Amar Jesus é ser com ele na morte passageira e na vida eterna. Não se trata de sobrevivência, em nós, de qualquer entidade invisível e abstrata, mas do próprio corpo [do coração: do Amor] ressurgido.»
Teixeira de Pascoaes, São Paulo

10.5.09

Agora, só falta a Vida...

23.4.09

Versos do Mar

«Ai!,
o berço da tua voz,
e esse jeito de mão que tens nas ondas,
Mar!

Quando eu cair exausto
sobre as conchas da praia e fique ali
doente e sem ninguém,
hás-de ser tu quem me trate,
quero que sejas tu a minha Mãe.

Há-de embalar-me a tua voz de berço,
pra que a febre me deixe sossegar;
e hás-de passar, ó Mar!,
pelo meu corpo em chaga,
as tuas mãos piedosas comovidas (...).

Como se fosses tu a minha Mãe...
Como se fosses tu a minha Noiva...

E hás-de contar-me histórias velhas
de Marinheiros...
Histórias de Sereias e de Luas
que se perderam por ti..
E se a Morte vier há-de quedar
toda encantada, a ouvir-te,
e, sem ânimo já de me levar,
sorrindo, voltará por seu caminho (...).»
Sebastião da Gama, Serra Mãe

O Segredo é Amar

«(...)
Deixa ser o meu gesto uma grinalda
nos teus cabelos, Vida!
Deixa que o meu olhar enflore teus olhos.

Adeus, adeus teus dedos ásperos! (...)
- Vida, quem é a minha namorada?»
Sebastião da Gama, Cabo da Boa Esperança