"Deixai um homem aprender a procurar o permanente no efémero; deixai-o aprender que está aqui, não para agir, mas para ser agido e que, apesar de um abismo se abrir sobre outro, todos estão, em definitivo, contidos na Causa Eterna.
A nossa vida é como o tempo de Março, simultaneamente selvagem e serena.
Cada homem é uma impossibilidade até à sua nascença, cada coisa é impossível até vermos o seu sucesso.
Vejo, tal como sou; qualquer que seja a linguagem que utilizemos, nunca poderemos dizer outra coisa a não ser o que somos
Sei que o mundo com que converso na cidade e nas quintas não é o mundo que penso.
É preciso muito tempo para comer, dormir ou ganhar cem dólares e muito pouco tempo para alimentar uma esperança e uma visão que se tornem a luz da nossa vida."
Uma gota de sangue, humana e rubra
Pesa mais do que o mar que vocifera.
O mundo em seus enganos vem e vai
Mas o amante tem raízes, e espera.
Pensei que para sempre ele partira,
Passaram tantos anos, roda infinda.
Mas como sempre desponta o dia novo,
Eis que uma intacta doçura brilha ainda.
E cantou meu coração, já libertado
Dos cuidados em que antes se perdia:
Amigo, só por ti a rosa é púrpura,
Só tu susténs a cúpula do dia.
Tudo ganha por ti mais nobre forma,
Tudo pousa além-terra seu olhar,
Em ti a velha mó do fado nosso
Se transfigura em trilho solar.
Aprendi a dominar meu desespero
Ao ver tua nobreza - tão apenas.
E as fontes da minha vida oculta
Correm, por ti, amigo, mais serenas.
"Ainda há uma vitória para toda a justiça, e o romance verdadeiro para cuja realização o mundo existe será a transformação do génio em poder prático.
Temos de ser de nós mesmos antes de podermos ser de outrem.
Nunca pode haver funda paz entre dois espíritos, nunca mútuo respeito, a menos que no seu convívio cada um equivalha ao mundo todo.
Persistindo em teu caminho, embora percas o que é pouco, ganharás o que é muito."
Ralph W. Emerson, A Confiança em Si, A Natureza e Outros Ensaios
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18.12.09
19.4.09
Fruto d'Ouro
Vinho é água de fogo.
«O pão é fruto da terra, (...) pela luz abençoado.
Olha! somos nós, nós; fruto das Hespérides é!»
Holderlin, Poemas
«O pão é fruto da terra, (...) pela luz abençoado.
Olha! somos nós, nós; fruto das Hespérides é!»
Holderlin, Poemas
Os Carvalhos
«Dos jardins venho eu ter convosco, ó filhos do monte!
Dos jardins onde, paciente e doméstica, a Natureza vive,
Cuidadosa e juntamente cuidada c'o homem diligente.
Mas vós, Magníficos!, erguei-vos como um povo de Titãs
No mundo mais manso e a vós sós pertenceis e ao céu,
Que vos sustentou e criou, e à terra, que de si vos pariu.
Nenhum de vós foi ainda aprender à escola dos homens,
E alegres e livres irrompeis, da forte raiz,
Uns entre os outros e agarrais, como a águia a presa,
Com braço potente o espaço, e contra as nuvens
Se vos ergue serena e grande a copa soalheira.
Cada um de vós é um mundo, como estrelas do céu
Vós viveis, um deus cada qual, juntos em livre união.
Pudesse eu tolerar a servidão, e já não invejava
Este bosque e bem me amoldava à vida em comum.
Não me prendesse já à vida em comum o coração,
Que não deixa de amar, como eu gostaria de morar entre vós!»
Holderlin, Poemas
Dos jardins onde, paciente e doméstica, a Natureza vive,
Cuidadosa e juntamente cuidada c'o homem diligente.
Mas vós, Magníficos!, erguei-vos como um povo de Titãs
No mundo mais manso e a vós sós pertenceis e ao céu,
Que vos sustentou e criou, e à terra, que de si vos pariu.
Nenhum de vós foi ainda aprender à escola dos homens,
E alegres e livres irrompeis, da forte raiz,
Uns entre os outros e agarrais, como a águia a presa,
Com braço potente o espaço, e contra as nuvens
Se vos ergue serena e grande a copa soalheira.
Cada um de vós é um mundo, como estrelas do céu
Vós viveis, um deus cada qual, juntos em livre união.
Pudesse eu tolerar a servidão, e já não invejava
Este bosque e bem me amoldava à vida em comum.
Não me prendesse já à vida em comum o coração,
Que não deixa de amar, como eu gostaria de morar entre vós!»
Holderlin, Poemas
18.4.09
O Templo do Mundo: o Homem
«No mundo há um só templo: o corpo humano. Nada mais sagrado do que esta forma sublime. Inclinarmo-nos perante um homem, é render homenagem a esta revelação na carne. É no céu que tocamos quando tocamos num corpo humano.
Todo o objecto amado é o centro de um paraíso.»
Novalis, Fragmentos
Todo o objecto amado é o centro de um paraíso.»
Novalis, Fragmentos
Seta de Fogo
«Toda me entreguei, sem fim,
e de tal sorte hei trocado,
que é meu Amado para mim,
e eu sou para meu Amado.
Quando o doce Caçador
me atirou, fiquei rendida,
entre os braços do amor
ficou minha alma caída.
E ganhando nova vida,
de tal maneira hei trocado,
que é meu Amado para mim,
e eu sou para meu Amado.
Atirou-me com uma seta
envenenada de amor,
e minha alma ficou feita
una com seu Criador.
Eu já não quero outro amor,
que a meu Deus me hei entregado,
meu Amado é para mim,
e eu sou para meu Amado.»
Santa Teresa de Ávila, Seta de Fogo
e de tal sorte hei trocado,
que é meu Amado para mim,
e eu sou para meu Amado.
Quando o doce Caçador
me atirou, fiquei rendida,
entre os braços do amor
ficou minha alma caída.
E ganhando nova vida,
de tal maneira hei trocado,
que é meu Amado para mim,
e eu sou para meu Amado.
Atirou-me com uma seta
envenenada de amor,
e minha alma ficou feita
una com seu Criador.
Eu já não quero outro amor,
que a meu Deus me hei entregado,
meu Amado é para mim,
e eu sou para meu Amado.»
Santa Teresa de Ávila, Seta de Fogo
17.4.09
Rei Salomão
«Eu a rosa negra da planície de Saron lírio de seis pétalas no vale.
Como a rosa entre os espinhos cardos assim a minha amiga está entre as filhas.
Como a macieira entre as árvores no bosque o meu amado é entre os filhos.
Sob a sua sombra desejei e estive e o seu fruto luz doce na minha garganta.
Trouxe-me para a sua cave assinalou sobre mim o amor o seu pendão.
Rodeai-me de taças de vidro fundamentos pomos que adoeço de amor eu.
A sua esquerda sob a minha cabeça a sua direita que me há-de abraçar.
Vos rogo filhas de Jerusalém por gamo e por cervos do campo que não desperteis nem fareis desvelar amor na caça antes de que queira.
Voz do meu amado eis é o que vem atravessar os montes saltas sobre as colinas.
Semelhante o amado a gamo ou a cria de cervo é este aqui está além do muro brota entre janelas o que assoma pelas gelosias.
Respondeu o meu amado disse-me levanta o teu corpo minha amiga bela e caminha porque o inferno foi o exílio a chuva passou caminhou para além.
Saem da terra os rebentos eis o tempo da poda chegou hora do cântico.
E a voz da rola nos campos terra nossa peregrina que se ouve.
Na figueira brotam os figos e a vide o odor ergue-te a ti mesma amiga minha formosíssima e vem contigo. Minha pomba brava nos recantos da escarpa oculta nas espirais descobre a tua face Rosto faz ouvir a tua voz e essa tua face Rosto desejável.
Prendei-me as raposas novas que destroem vinhas nossas que estão em flor.
O meu amado meu unido e eu para ele o que apascenta entre as rosas lírios.
Antes de que sopre o dia e fujam as sombras na manhã na tarde sê semelhante meu amado a cabra ou a cria de cervo sobre as montanhas da separação.
III
No meu leito nas noites busquei o que amou minha alma busquei-o e não o achei.
Levantar-me-ei agora e vaguearei pela cidade pelas praças lugares amplos hei-de buscar o que amou minha alma busquei-o e não o achei.
Encontraram-me os guardas a ronda da cidade vistes o que amou acaso a minha alma?
E pouco me apartei além logo achei aquele que amou minha alma prendi-o e não o soltei até que o trouxe a casa de minha mãe câmara de minha avó quem me gerou.
(...)
Desperta Aquilão tu Austro vem sopra através do meu horto disseminem-se as suas essências.
Entre o meu amado no seu horto coma o fruto da doçura pomo raro.
V
Vim entrarei no meu horto irmã Desposada colhi a minha mirra e o meu bálsamo.
Comi o meu favo com o meu mel bebi meu vinho com o meu leite
ó meus amigos
comei e bebei e embriagai-vos vós meus companheiros.
Eu adormecida e o meu coração desperto voz de meu amado batendo abre irmã minha companheira
minha pomba perfeita minha a minha cabeça cheia de orvalho os meus cabelos de gotas de noite.
Despojei-me da minha túnica como a vestirei? Lavei os meus pés como os sujarei partindo?
O meu amado escondeu a mão pelas frestas das portas e o meu ventre estremece em mim ao tacto ao ruído.
Levanto-me a abrir ao meu amado minhas mãos gotejaram mirra líquida e os meus dedos mirra a que rescende líquida sobre os gonzos da aldraba os cadeados.
Eis abri eu ao meu amado e o meu amado partiu encobriu-se já não reside:
Encontraram-me os guardas a ronda da cidade feriu-me fizeram-me chagas tiraram o meu manto de sobre mim os guardas das muralhas.
Vos rogo filhas de Jerusalém se encontrardes o meu amado que lhe direi? Que sou doente de amor eu.
Em quê o teu amado é maior do que outro amante ó a mais bela das mulheres
porquê o teu amado é maior do que outro amante e assim nos conjuras?
O meu amado é branco e vermelho é o arco o escolhido com o seu pendão entre milhares.
A sua cabeça ouro fino de Tibar as suas madeixas pendem como palmas crespas negras como corvo.
Os seus olhos olhos de pomba à beira de mares arroios de água que se lavam no leite ajustam no seu engaste na amplitude.
As suas faces como sulcos de bálsamo ou jardim montículos de aromas misturados.
Os seus lábios rosas as que destilam mirra a que escorre líquida que circula.
As suas mãos de ouro no trono cilindros cheios de ónix a pedra que vem de Tarsis de jacintos.
O seu ventre marfim a branca obra de Ebur cercada de safiras.
As suas pernas colunas de mármore cimentadas sobre as bases de ouro fino.
O seu Rosto como o do Líbano escolhido erguido como cedro.
O seu paladar doçura o desejável meu amado o meu amor
ó filhas de Jerusalém.
Atribuído a Salomão, Cântico Maior
Como a rosa entre os espinhos cardos assim a minha amiga está entre as filhas.
Como a macieira entre as árvores no bosque o meu amado é entre os filhos.
Sob a sua sombra desejei e estive e o seu fruto luz doce na minha garganta.
Trouxe-me para a sua cave assinalou sobre mim o amor o seu pendão.
Rodeai-me de taças de vidro fundamentos pomos que adoeço de amor eu.
A sua esquerda sob a minha cabeça a sua direita que me há-de abraçar.
Vos rogo filhas de Jerusalém por gamo e por cervos do campo que não desperteis nem fareis desvelar amor na caça antes de que queira.
Voz do meu amado eis é o que vem atravessar os montes saltas sobre as colinas.
Semelhante o amado a gamo ou a cria de cervo é este aqui está além do muro brota entre janelas o que assoma pelas gelosias.
Respondeu o meu amado disse-me levanta o teu corpo minha amiga bela e caminha porque o inferno foi o exílio a chuva passou caminhou para além.
Saem da terra os rebentos eis o tempo da poda chegou hora do cântico.
E a voz da rola nos campos terra nossa peregrina que se ouve.
Na figueira brotam os figos e a vide o odor ergue-te a ti mesma amiga minha formosíssima e vem contigo. Minha pomba brava nos recantos da escarpa oculta nas espirais descobre a tua face Rosto faz ouvir a tua voz e essa tua face Rosto desejável.
Prendei-me as raposas novas que destroem vinhas nossas que estão em flor.
O meu amado meu unido e eu para ele o que apascenta entre as rosas lírios.
Antes de que sopre o dia e fujam as sombras na manhã na tarde sê semelhante meu amado a cabra ou a cria de cervo sobre as montanhas da separação.
III
No meu leito nas noites busquei o que amou minha alma busquei-o e não o achei.
Levantar-me-ei agora e vaguearei pela cidade pelas praças lugares amplos hei-de buscar o que amou minha alma busquei-o e não o achei.
Encontraram-me os guardas a ronda da cidade vistes o que amou acaso a minha alma?
E pouco me apartei além logo achei aquele que amou minha alma prendi-o e não o soltei até que o trouxe a casa de minha mãe câmara de minha avó quem me gerou.
(...)
Desperta Aquilão tu Austro vem sopra através do meu horto disseminem-se as suas essências.
Entre o meu amado no seu horto coma o fruto da doçura pomo raro.
V
Vim entrarei no meu horto irmã Desposada colhi a minha mirra e o meu bálsamo.
Comi o meu favo com o meu mel bebi meu vinho com o meu leite
ó meus amigos
comei e bebei e embriagai-vos vós meus companheiros.
Eu adormecida e o meu coração desperto voz de meu amado batendo abre irmã minha companheira
minha pomba perfeita minha a minha cabeça cheia de orvalho os meus cabelos de gotas de noite.
Despojei-me da minha túnica como a vestirei? Lavei os meus pés como os sujarei partindo?
O meu amado escondeu a mão pelas frestas das portas e o meu ventre estremece em mim ao tacto ao ruído.
Levanto-me a abrir ao meu amado minhas mãos gotejaram mirra líquida e os meus dedos mirra a que rescende líquida sobre os gonzos da aldraba os cadeados.
Eis abri eu ao meu amado e o meu amado partiu encobriu-se já não reside:
Encontraram-me os guardas a ronda da cidade feriu-me fizeram-me chagas tiraram o meu manto de sobre mim os guardas das muralhas.
Vos rogo filhas de Jerusalém se encontrardes o meu amado que lhe direi? Que sou doente de amor eu.
Em quê o teu amado é maior do que outro amante ó a mais bela das mulheres
porquê o teu amado é maior do que outro amante e assim nos conjuras?
O meu amado é branco e vermelho é o arco o escolhido com o seu pendão entre milhares.
A sua cabeça ouro fino de Tibar as suas madeixas pendem como palmas crespas negras como corvo.
Os seus olhos olhos de pomba à beira de mares arroios de água que se lavam no leite ajustam no seu engaste na amplitude.
As suas faces como sulcos de bálsamo ou jardim montículos de aromas misturados.
Os seus lábios rosas as que destilam mirra a que escorre líquida que circula.
As suas mãos de ouro no trono cilindros cheios de ónix a pedra que vem de Tarsis de jacintos.
O seu ventre marfim a branca obra de Ebur cercada de safiras.
As suas pernas colunas de mármore cimentadas sobre as bases de ouro fino.
O seu Rosto como o do Líbano escolhido erguido como cedro.
O seu paladar doçura o desejável meu amado o meu amor
ó filhas de Jerusalém.
Atribuído a Salomão, Cântico Maior
Ao Deus do Sol
«Onde estás? ébria a alma me escurece
De toda a delícia tua, pois inda agora
Eu vi como, cansado da sua
Viagem, o maravilhoso moço divino
Foi banhar seus jovens cabelos nas nuvens de ouro;
E inda agora os olhos me vão sozinhos pra ele;
Mas ele está longe - pra gente piedosa,
Que ainda o adora, partiu.
Eu te amo, Terra! pois choras comigo!
E o nosso luto, como dor de menino, faz-se
Sono, e assim como os ventos
Adejam e sussurram na harpa
Até que os dedos do mestre lhe arranquem o belo
Som, assim brincam connosco névoas e sonhos
Até que o Amado volte, e Vida
E Espírito se inflamem em nós.»
Holderlin, Poemas
De toda a delícia tua, pois inda agora
Eu vi como, cansado da sua
Viagem, o maravilhoso moço divino
Foi banhar seus jovens cabelos nas nuvens de ouro;
E inda agora os olhos me vão sozinhos pra ele;
Mas ele está longe - pra gente piedosa,
Que ainda o adora, partiu.
Eu te amo, Terra! pois choras comigo!
E o nosso luto, como dor de menino, faz-se
Sono, e assim como os ventos
Adejam e sussurram na harpa
Até que os dedos do mestre lhe arranquem o belo
Som, assim brincam connosco névoas e sonhos
Até que o Amado volte, e Vida
E Espírito se inflamem em nós.»
Holderlin, Poemas
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