15.5.09

Canto das Mulheres ao Poeta

«Vê como tudo se abre: assim nós somos;
pois nós somos mais que esta alegria.
Tudo o que num bicho é sangue e trevas
cresceu e fez-se alma em nós e grita

como alma. E é por ti que grita.
É verdade que tu o tomas só nos olhos
como paisagem: suave e sem desejo.
E por isso nós julgamos não seres tu

por quem grita. Todavia, não és tu
aquele em quem nos perderíamos de todo?
E seremos nós em qualquer outro mais?

Connosco passa por ti o infinito.
Mas tu, boca, sê, que nós o ouçamos,
mas tu, tu que nos exprimes: tu sê.»
Rilke, Novos Poemas

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